sexta-feira, 9 de janeiro de 2015


Perguntas e respostas sobre a sequência de atentados na França

Doze pessoas foram mortas em ataque ao jornal 'Charlie Hebdo', em Paris.
Atiradores também fizeram reféns em mercado e gráfica ao norte da cidade.

Do G1, em São Paulo
Vídeo captou explosão do momento em que a polícia fez ataque para invadir mercado kosher e livrar reféns (Foto: BFMTV/Reuters)Vídeo captou explosão do momento em que a polícia fez ataque para invadir mercado kosher e livrar reféns na sexta (9) (Foto: BFMTV/Reuters)
A França viveu momentos de terror com uma sequência de atentados nos últimos três dias em Paris e arredores. Pelo menos 17 pessoas morreram nos ataques. Três terroristas foram mortos.
Na quarta, dois atiradores invadiram a redação do semanário de humor "Charlie Hebdo", mataram 12 pessoas e deixaram outras 11 feridas. No dia seguinte, uma policial morreu baleada no Sul de Paris. Nesta sexta (9), os envolvidos fizeram reféns em um mercado judeu em Paris e em uma gráfica ao norte da cidade.
GNEWS_Suspeitos (Foto: GloboNews)Os irmãos Cherif e Said Kouachi foram mortos pela
polícia francesa (Foto: GloboNews)
Quantas pessoas estão envolvidas nos ataques? Quem são elas?
No ataque ao "Charlie Hebdo", inicialmente, haveria três envolvidos: os irmãos Chérif e Said Kouachi e Hamyd Mourad, cunhado de Chérif, que seria o motorista do carro usado no atentado.
Na noite de quarta, Mourad, de 18 anos, se apresentou à polícia. Segundo a agência AP, ele alega inocência e disse que se entregou após ver seu nome associado ao caso em redes sociais.
A polícia divulgou fotos de Chérif e Said, de 32 e 34 anos, respectivamente, e começou a caçada aos irmãos, identificados como suspeitos do atentado ao semanário "Charlie Hebdo". Eles acabaram mortos em um cerco policial após fazerem reféns em uma gráfica em Dammartin-en-Goële, ao norte de Paris nesta quinta (9).
Os sequestradores do mercado judeu em Paris foram identificados como Amedy Coulibaly, de 32 anos, e sua companheira Hayat Boumeddiene, de 26. Coulibaly também seria o homem que matou uma policial na quinta-feira, segundo jornais franceses. Coulibaly foi morto e Boumeddiene está foragida.
Os suspeitos pertencem a algum grupo?
Em 2008, Chérif Kouachi foi condenado a três anos de prisão por envolvimento com atividades terroristas – ele cumpriu um ano e meio. Ele seria ligado ao "Buttes Chaumont", um grupo que enviava voluntários ao Iraque para auxiliar a Al-Qaeda no combate às forças lideradas pelos Estados Unidos. Oficialmente, porém, a polícia não aponta seu envolvimento com nenhum grupo organizado.
Segundo uma fonte do caso citada pela AFP, o sequestrador do mercado, Amedy Coulibaly, foi visto em 2010 em companhia de Chérif Kouachi. Segundo o jornal "Le Point", Coulibaly também pertenceria a "Buttes Chaumont".
Apesar desse indício de ligação, a polícia ainda apura a relação entre os ataques e se foi uma ação coordenada.
Vídeo mostra execução de policial em Paris; imagens são fortes (Foto: Reprodução/Reuters)Vídeo mostra execução de policial em Paris após
atentado à redação da 'Charlie Hebdo'
(Foto: Reprodução/Reuters)
Onde estão os suspeitos?
Chérif e Said Kouachi, assim como Amedy Coulibaly, acabaram mortos pela polícia em duas ações na manhã desta sexta-feira (9). Hayat Boumeddiene está sendo procurada pelas autoridades francesas.
Quem são as vítimas dos ataques?
Ao menos 17 pessoas morreram na sequência de ataques nos últimos três dias na França.
Na redação do jornal "Charlie Hebdo" foram mortas 12 pessoas. Onze delas estavam no prédio da redação: os cartunistas Georges Wolinski, Jean Cabu, Bernard Verlhac e Stéphane Charbonnier, também editor do jornal; Frédéric Boisseau, um funcionário da Sodexo que trabalhava no prédio; Michel Renaud, convidado que visitava a redação; Bernard Maris, economista e vice-editor; Phillippe Honoré, desenhista; Mustapha Ourad, revisor; Elsa Cayat, psicanalista e colunista da publicação, e o policial Franck Brinsolaro, que fazia a segurança de Charbonnier. Fora do prédio, já em fuga, os atiradores mataram o agente Ahmed Merabet.
A Prefeitura de Paris divulga fotos de Hayat Boumeddiene (esq.) e Amedy Coulibaly, dupla suspeita de envolvimento no sequestro no mercado de Paris (Foto: Reuters/Prefeitura de Paris) Hayat Boumeddiene (esq.) e Amedy Coulibaly,
apontados como responsáveis pelo sequestro no
mercado de Paris (Foto: Reuters)
No dia seguinte ao massacre no "Charlie Hebdo", uma policial foi morta por um homem que vestia um colete à prova de balas e carregava uma arma curta e um fuzil automático. Ele atirou pelas costas em agentes que atendiam a uma ocorrência de trânsito no município de Montrouge.
Na ação no mercado judeu de Paris, na quinta-feira, quatro reféns foram mortos pelo casal de sequestradores.
Quais são as motivações do ataque?
Não foi deixado nenhum comunicado nem grupos reivindicaram a responsabilidade pelos incidentes. Segundo testemunhas do ataque ao "Charlie Hebdo", os terroristas gritaram "vingamos o profeta". O semanário satírico publicou diversas vezes caricaturas de Maomé. Reproduções gráficas são consideradas blasfêmicas pelo islamismo.
Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe da revista 'Charlie Hebdo' mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut - o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier - o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe do jornal 'Charlie Hebdo' mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut - o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier - o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)

A última edição do jornal tem relação com o ataque?
Por coincidência ou não, o "Charlie Hebdo" fez a divulgação em sua edição desta quarta do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.
O jornal sofria ameaças constantes desde 2006, quando começou a publicar caricaturas de Maomé que enfureceram alguns grupos islâmicos.

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