segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

França mobiliza 10.000 soldados para reforçar segurança após ataques em Paris

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015 10:02 BRST
 
PARIS (Reuters) - A França terá mais de 10.000 soldados mobilizados no país até terça-feira, em consequência dos atentados de militantes islâmicos que mataram 17 pessoas em Paris na semana passada, anunciou o ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, nesta segunda-feira.
Falando um dia depois da maior manifestação pública francesa já registrada, realizada para lembrar as vítimas dos ataques, o ministro disse que a França ainda está sob risco de novos atentados.
"As ameaças continuam e nós temos de nos proteger deles. É uma operação interna que vai mobilizar quase tantos homens quantos temos em nossas operações no exterior", disse Le Drian a repórteres após uma reunião de gabinete.
As vítimas, incluindo jornalistas e policiais, perderam a vida em três dias de violência, iniciada na quarta-feira com um ataque a tiros ao semanário político Charlie Hebdo, conhecido por suas caricaturas satíricas do islamismo e outras religiões.
Os autores do ataque ao Charlie Hebdo, dois irmãos franceses de origem argelina, se voltaram contra a publicação por suas charges ridicularizando o profeta Maomé.
A violência terminou na sexta-feira com um sequestro em um mercado judaico, no qual quatro reféns e o sequestrador foram mortos.
O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, disse que 4.700 policiais seriam destacados para as 717 escolas judaicas em todo o país.
Os dois primeiros agressores também foram mortos na sexta-feira depois de um cerco em uma localidade ao norte da capital. Segundo a polícia, os três homens faziam parte da mesma célula de militantes islâmicos, com sede em Paris.
Mais de 1,2 milhão de pessoas saíram às ruas na manifestação em Paris no domingo e outras 2,5 milhões em outras cidades. A marcha em Paris foi liderada por dezenas de chefes de Estado.   Continuação...
 
 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Marcha reúne mais de 3 milhões em toda a França e é tida como a maior da história

EFE/EPA/IAN LANGSDON / Manifestantes subiram nos monumentos na Praça da BastilhaManifestantes subiram nos monumentos na Praça da Bastilha
JE SUIS CHARLIE

Marcha reúne mais de 3 milhões em toda a França e é tida como a maior da história

Entre os centenas de milhares de participantes, estiveram cerca de 50 líderes de diversas partes do mundo
11/01/2015 | 18:14 | atualizado em 11/01/2015 às 19:25
Ao menos 3,7 milhões de pessoas marcharam na França neste domingo para homenagear as vítimas dos atentados da semana passada, informou o Ministério do Interior. Um porta-voz do ministério disse que de 1,2 milhão a 1,6 milhão de pessoas marcharam em Paris e cerca de 2,5 milhões de pessoas em outras cidades em todo o país.
Terror na França
A sede do Charlie Hebdo foi alvo de ataque na última quarta-feira (7). Dez funcionários do impresso e dois policiais morreram a tiros durante um atentado à redação da revista satírica, em Paris. No mesmo dia, a polícia francesa iniciou uma busca pelos suspeitos de envolvimento no ato terrorista, entre eles os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi. Ainda na quarta-feira, vários suspeitos são presos e o governo da França anuncia ter elevado o nível de segurança no país para o mais alto.
Um dia depois (quinta-feira, 8), vários centros muçulmanos na França foram alvos de ataques. Um restaurante próximo à mesquita de Paris também registrou a explosão de uma bomba artesanal e um carro explodiu. Uma policial foi morta em um ataque a tiros no sul da capital francesa. Foi também na quinta-feira que a polícia da França realizou o primeiro cerco aos irmãos suspeitos, em vilarejos no Nordeste de Paris. O Estado Islâmico, por meio da rádio própria da organização extremista, classificou, neste dia,como heróis os autores do atentado.
Na sexta-feira (9), a polícia fecha o cerco e mata Said Kouachi e Cherif Kouachi. Também é morto osequestrador Amedy Coulibaly, de 32 anos, que matou quatro de 16 pessoas feitas reféns em uma ação em um supermercado judaico de Paris, na quarta-feira. Coulibaly, suspeito de matar uma policial um dia antes, disse em entrevista à tevê durante o sequestro agir em coordenação com os Kouachi e ser ligado ao Estado Islâmico. A Al Qaeda assumiu a responsabilidade pelos atentados.
Os atos terroristas que causaram a morte de 17 pessoas na França gerou uma onda de manifestações não só no país como em várias cidades do mundo. No sábado (10), 700 mil se reuniram em uma marcha na capital francesa. Neste domingo, chefes de estados, inclusive estadistas muçulmanos, se reuniram em uma manifestação histórica em Paris, que reuniu mais de um milhão de pessoas.
O ministério disse que foi a maior manifestação popular já registrada no país. Bernard Cazeneuve declarou que o evento é algo "sem precedentes". Os manifestantes eram tantos e se espalharam de tal forma, que se tornou impossível contar quantas pessoas participaram, afirmou Cazeneuve.
O número é maior do que a quantidade de pessoas que tomou as ruas de Paris depois que os Aliados libertaram a cidade dos Nazistas na Segunda Guerra Mundial.

"É um mundo diferente hoje, disse o parisiense Michel Thiebault, de 70 anos. Ele esteve na multidão que exaltava policiais que passavam em meio aos manifestantes em suas vans, algo incomum nos frequentes protestos na França, nos quais policiais e manifestantes normalmente se opõem.
De braços dados, mais de 40 líderes mundiais lideraram a quieta procissão, deixando diferenças de lado em uma manifestação que, nas palavras do presidente francês, François Hollande, fez de Paris "a capital do mundo".
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ficou ao lado do presidente palestino Mahmoud Abbas. Também marcharam o presidente ucraniano Petro Poroshenko e o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
Os ataques ao jornal satírico Charlie Hebdo, a um supermercado e contra um policial marcaram um ponto de virada para a França que alguns compararam ao efeito que teve, para os Estados Unidos, os ataques de 11 de Setembro de 2001.
"Nosso país vai se levantar ainda melhor", disse Hollande.
Manifestações pelo mundo
Em diversas cidades do mundo, pessoas se reuniram para homenagear as 17 vítimas que morreram durante os três dias de ataques em Paris e para apoiar a liberdade de expressão.
Em Berlim, 18 mil pessoas se encontraram em frente à embaixada da França, ao lado do Portão de Brandemburgo. Muitos trouxeram flores ou lápis e carregavam cartazes dizendo "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie) ou "Je suis Juif" (Eu sou judeu).
Em Londres, cartões postais como a London Eye foram iluminados de vermelho, branco e azul, as cores da bandeira francesa. Mais de mil pessoas se reuniram na Trafalgar Square, no centro da cidade.
Milhares também foram as ruas em Roma. Os italianos levaram velas e lápis para a frente da embaixada francesa. Em Bruxelas, mais de 20 mil marcharam pelo centro da cidade e, em Viena, a contagem chegou a 12 mil pessoas. Já em Madri, centenas de muçulmanos protestaram com faixas que diziam "não em nosso nome".
Houve registros de manifestações também em Moscou, Istambul e várias cidades fora da Europa. Em Montreal, Beirute, Jerusalém, Ramallah, Cidade de Gaza, Sydney, Tóquio e Nova York, as pessoas também foram às ruas.

Veja imagens da marchaAMPLIAR

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Manifestantes levaram vários cartazes com os dizeres "Je suis Charlie" EFE/EPA/IAN LANGSDON

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015


Perguntas e respostas sobre a sequência de atentados na França

Doze pessoas foram mortas em ataque ao jornal 'Charlie Hebdo', em Paris.
Atiradores também fizeram reféns em mercado e gráfica ao norte da cidade.

Do G1, em São Paulo
Vídeo captou explosão do momento em que a polícia fez ataque para invadir mercado kosher e livrar reféns (Foto: BFMTV/Reuters)Vídeo captou explosão do momento em que a polícia fez ataque para invadir mercado kosher e livrar reféns na sexta (9) (Foto: BFMTV/Reuters)
A França viveu momentos de terror com uma sequência de atentados nos últimos três dias em Paris e arredores. Pelo menos 17 pessoas morreram nos ataques. Três terroristas foram mortos.
Na quarta, dois atiradores invadiram a redação do semanário de humor "Charlie Hebdo", mataram 12 pessoas e deixaram outras 11 feridas. No dia seguinte, uma policial morreu baleada no Sul de Paris. Nesta sexta (9), os envolvidos fizeram reféns em um mercado judeu em Paris e em uma gráfica ao norte da cidade.
GNEWS_Suspeitos (Foto: GloboNews)Os irmãos Cherif e Said Kouachi foram mortos pela
polícia francesa (Foto: GloboNews)
Quantas pessoas estão envolvidas nos ataques? Quem são elas?
No ataque ao "Charlie Hebdo", inicialmente, haveria três envolvidos: os irmãos Chérif e Said Kouachi e Hamyd Mourad, cunhado de Chérif, que seria o motorista do carro usado no atentado.
Na noite de quarta, Mourad, de 18 anos, se apresentou à polícia. Segundo a agência AP, ele alega inocência e disse que se entregou após ver seu nome associado ao caso em redes sociais.
A polícia divulgou fotos de Chérif e Said, de 32 e 34 anos, respectivamente, e começou a caçada aos irmãos, identificados como suspeitos do atentado ao semanário "Charlie Hebdo". Eles acabaram mortos em um cerco policial após fazerem reféns em uma gráfica em Dammartin-en-Goële, ao norte de Paris nesta quinta (9).
Os sequestradores do mercado judeu em Paris foram identificados como Amedy Coulibaly, de 32 anos, e sua companheira Hayat Boumeddiene, de 26. Coulibaly também seria o homem que matou uma policial na quinta-feira, segundo jornais franceses. Coulibaly foi morto e Boumeddiene está foragida.
Os suspeitos pertencem a algum grupo?
Em 2008, Chérif Kouachi foi condenado a três anos de prisão por envolvimento com atividades terroristas – ele cumpriu um ano e meio. Ele seria ligado ao "Buttes Chaumont", um grupo que enviava voluntários ao Iraque para auxiliar a Al-Qaeda no combate às forças lideradas pelos Estados Unidos. Oficialmente, porém, a polícia não aponta seu envolvimento com nenhum grupo organizado.
Segundo uma fonte do caso citada pela AFP, o sequestrador do mercado, Amedy Coulibaly, foi visto em 2010 em companhia de Chérif Kouachi. Segundo o jornal "Le Point", Coulibaly também pertenceria a "Buttes Chaumont".
Apesar desse indício de ligação, a polícia ainda apura a relação entre os ataques e se foi uma ação coordenada.
Vídeo mostra execução de policial em Paris; imagens são fortes (Foto: Reprodução/Reuters)Vídeo mostra execução de policial em Paris após
atentado à redação da 'Charlie Hebdo'
(Foto: Reprodução/Reuters)
Onde estão os suspeitos?
Chérif e Said Kouachi, assim como Amedy Coulibaly, acabaram mortos pela polícia em duas ações na manhã desta sexta-feira (9). Hayat Boumeddiene está sendo procurada pelas autoridades francesas.
Quem são as vítimas dos ataques?
Ao menos 17 pessoas morreram na sequência de ataques nos últimos três dias na França.
Na redação do jornal "Charlie Hebdo" foram mortas 12 pessoas. Onze delas estavam no prédio da redação: os cartunistas Georges Wolinski, Jean Cabu, Bernard Verlhac e Stéphane Charbonnier, também editor do jornal; Frédéric Boisseau, um funcionário da Sodexo que trabalhava no prédio; Michel Renaud, convidado que visitava a redação; Bernard Maris, economista e vice-editor; Phillippe Honoré, desenhista; Mustapha Ourad, revisor; Elsa Cayat, psicanalista e colunista da publicação, e o policial Franck Brinsolaro, que fazia a segurança de Charbonnier. Fora do prédio, já em fuga, os atiradores mataram o agente Ahmed Merabet.
A Prefeitura de Paris divulga fotos de Hayat Boumeddiene (esq.) e Amedy Coulibaly, dupla suspeita de envolvimento no sequestro no mercado de Paris (Foto: Reuters/Prefeitura de Paris) Hayat Boumeddiene (esq.) e Amedy Coulibaly,
apontados como responsáveis pelo sequestro no
mercado de Paris (Foto: Reuters)
No dia seguinte ao massacre no "Charlie Hebdo", uma policial foi morta por um homem que vestia um colete à prova de balas e carregava uma arma curta e um fuzil automático. Ele atirou pelas costas em agentes que atendiam a uma ocorrência de trânsito no município de Montrouge.
Na ação no mercado judeu de Paris, na quinta-feira, quatro reféns foram mortos pelo casal de sequestradores.
Quais são as motivações do ataque?
Não foi deixado nenhum comunicado nem grupos reivindicaram a responsabilidade pelos incidentes. Segundo testemunhas do ataque ao "Charlie Hebdo", os terroristas gritaram "vingamos o profeta". O semanário satírico publicou diversas vezes caricaturas de Maomé. Reproduções gráficas são consideradas blasfêmicas pelo islamismo.
Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe da revista 'Charlie Hebdo' mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut - o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier - o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)Fotos de arquivo mostram cartunistas da equipe do jornal 'Charlie Hebdo' mortos no ataque. Da esquerda para a direita: Georges Wolinski (em 2006), Jean Cabut - o Cabu (em 2012), Stephane Charbonnier - o Charb (em 2012) e Tignous (em 2008) (Foto: Bertrand Guay, François Guillot, Guillaume Baptiste/AFP)

A última edição do jornal tem relação com o ataque?
Por coincidência ou não, o "Charlie Hebdo" fez a divulgação em sua edição desta quarta do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.
O jornal sofria ameaças constantes desde 2006, quando começou a publicar caricaturas de Maomé que enfureceram alguns grupos islâmicos.

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Ao vivo Ataque à 'Charlie Hebdo': Polícia persegue suspeitos, tiros são ouvidos ao norte de Paris

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09:24 GMT

Confira imagens recentes do cerco policial ao local na cidade de Dammanrtin-en-Goele onde estariam refugiados os suspeitos do massacre à revista Charlie Hebdo. > 

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Caça a suspeitos de ataque a jornal envolveu 80 mil homens nesta quinta

Policiais patrulhavam as estradas, fazendo controle de veículos.
Chérif e Said Kouachi foram vistos em posto de gasolina de manhã.

Da France Presse
 Membros da força de intervenção policial francesa (FIPN) fazem buscas em Fleury, norte da França, nesta quinta-feira (8) (Foto: Joel Saget/AFP) Membros da força de intervenção policial francesa (FIPN) fazem buscas em Fleury, norte da França, nesta quinta-feira (8) (Foto: Joel Saget/AFP)
Uma perseguição desenfreada acontecia nesta quinta-feira (8) na França para capturar os dois irmãos suspeitos de terem cometido o atentado contra o jornal "Charlie Hebdo", tendo como pano de fundo o luto nacional e homenagens às vítimas.
Os irmãos de origem argelina Chérif e Said Kouachi, de 32 e 34 anos, foram vistos nesta quinta de manhã pelo gerente de um posto de gasolina ao sul da pequena cidade de Villers-Cotterêts (80 km ao nordeste de Paris), na região administrativa da Picardia.
Segundo uma fonte policial consultada pela AFP, eles agora estariam sem carro, andando "encapuzados e armados com kalashnikovs e lança-foguetes à mostra".
Homens do RAID e do GIGN, unidades de elite da polícia e da gendarmeria francesas, foram mobilizados para essa área, onde o nível máximo de alerta antiterrorista foi decretado. Até o momento, apenas a região parisiense se encontrava sob esse status. Cerca de 80 mil policiais participaram da busca nesta quinta.
Usando capacetes e uniformes pretos, os policiais patrulhavam as estradas, fazendo controle de veículos, além de revistarem os jardins das casas e as ruas do cidade, de acordo com imagens transmitidas pelas emissoras de televisão locais. Helicópteros também sobrevoavam a região.
"A prioridade é perseguir e deter os terroristas que cometeram este atentado. Milhares de policiais, gendarmes e investigadores estão mobilizados", declarou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.
Apesar de não haver uma reivindicação formal, a rádio do grupo Estado Islâmico (EI), captada no Líbano, classificou os autores do atentado de 'heróis'.
Nove detidos
Nove pessoas ligadas aos dois suspeitos foram detidas e estão sendo interrogadas, informou nesta quinta-feira o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve. De acordo com o ministro, Said Kouachi foi 'formalmente reconhecido em uma foto como o agressor', e várias batidas foram feitas em sua casa em Reims (nordeste da França).

Um homem preso é escoltado pela polícia em um hotel em Montrouge, subúrbio no sul de Paris, durante as investigações do atentado à revista francesa 'Charlie Hebdo'. Doze pessoas foram mortas após dois atiradores invadirem a sede da publicação (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)Um homem preso é escoltado pela polícia em um
hotel em Montrouge, subúrbio no sul de Paris,
durante as investigações do atentado contra jornal
(Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)
A dupla foi identificada depois que os investigadores encontraram o documento de identidade de um deles no carro usado para praticar o atentado. Na fuga, o veículo foi abandonado pelos agressores.
Cazeneuve contou ainda que Chérif foi descrito por seus cúmplices "como violentamente antissemita". Ele já havia sido condenado em 2008 a três anos de prisão, sendo um ano e meio de condicional, por participação em uma rede de envio de combatentes ao Iraque para abastecer a rede Al-Qaeda.
A hipótese de terrorismo islâmico, adotada na investigação, rapidamente considerada depois que os agressores gritaram "Allah Akbar", foi reforçada pela descoberta de uma bandeira jihadista e de vários coquetéis molotov no carro abandonado em Paris, ao fugirem, na quarta-feira.
Suspeito mais jovem
Já a condição de islamita de seu suposto cúmplice, Hamyd Mourad, de 18 anos, foi colocada em xeque nesta quinta pelos testemunhos de vizinhos e companheiros de turma. Segundo esses depoimentos, Mourad esteve na escola de Ensino Médio, onde estuda "toda a manhã de quarta-feira", e que "não tem nada a ver" com os fundamentalistas muçulmanos.

Chérif Kouachi e Said Kouachi, suspeitos do ataque à revista 'Charlie Hebdo' (Foto: Divulgação)Chérif Kouachi e Said Kouachi, suspeitos do
ataque à revista 'Charlie Hebdo' (Foto: Divulgação)
Desde a tarde de ontem, vários locais de culto muçulmanos foram alvo de ataques em diferentes cidades da França, prováveis atos de vingança pelo atentado contra a revista. A polícia, que prefere não estabelecer qualquer vínculo formal entre os incidentes e o atentado de quarta-feira, busca um homem que feriu gravemente duas pessoas em um subúrbio do sul de Paris. Uma delas, uma policial, morreu pouco depois.
Uma nova reunião governamental de crise foi realizada pela manhã no Palácio do Eliseu, comandada pelo presidente François Hollande.
Na noite desta quinta-feira, milhares de pessoas voltaram a se reunir na praça da República, em Paris, e também em outras cidades da Europa, de Lisboa a Moscou, para homenagear as vítimas do ataque.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o conjunto das forças políticas do Conselho de Paris convocaram um ato silencioso - mas as palavras de ordem não demoraram a aparecer.
O atentado contra a "Charlie Hebdo", o mais letal cometido na França em meio século, já tinha levado mais de 100 mil pessoas às ruas em diferentes cidades francesas na tarde de quarta-feira e também provocou indignação no mundo todo.
Minuto de silêncio
Nesta quinta-feira, a França estava de luto nacional e foi feito um minuto de silêncio em todo o país, às 09h (horário de Brasília), a pedido do presidente Hollande.

Do Palácio presidencial, ao metrô parisiense, passando por ministérios, Parlamento, imprensa e escolas, o país inteiro participou da homenagem. Na capital, o metrô parou por um minuto, e a Igreja Católica, alvo frequente das sátiras do "Charlie Hebdo", ressonou os sinos da catedral Notre-Dame de Paris.
Torre Eiffel (Foto: Charles Platiau/Reuters)Torre Eiffel (Foto: Charles Platiau/Reuters)
A Torre Eiffel apagava suas luzes em sinal de apoio, às 20h (17h em Brasília).
As bandeiras tremularão a meio mastro por três dias, e uma grande manifestação está prevista para o próximo domingo em Paris. Participarão do ato associações e partidos de esquerda e direita.
'Barbárie', 'Guerra contra a liberdade', 'A liberdade assassinada': os jornais franceses e europeus fizeram eco nesta quinta-feira na primeira página ao horror provocado pelo atentado.
Nos jornais franceses, fundos pretos e desenhos prestavam homenagem às vítimas. As palavras "Todos somos Charlie" eram utilizadas frequentemente. Na capa do "Le Monde", a manchete estampava "O 11 de Setembro francês".
Tiragem de 1 milhão de exemplares
O ataque contra o "Charlie Hebdo" deixou 12 mortos, entre eles dois policiais, e 11 feridos. A redação da revista foi dizimada, já que entre os mortos figuram vários de seus principais cartunistas. Ainda assim, a equipe do "Charlie Hebdo" anunciou que a revista voltará a circular na próxima semana.

Capa da última edição do semanário satírico francês 'Charlie Hebdo', publicado antes do atentado contra a sede da publicação (Foto: AFP Photo/Bertrand Guay)Capa da última edição do semanário satírico francês
'Charlie Hebdo' (Foto: AFP Photo/Bertrand Guay)
De acordo com o advogado do veículo, "Charlie" será publicado na próxima quarta-feira, com tiragem excepcional de 1 milhão de exemplares, contra os habituais 60 mil. A ministra francesa da Cultura, Fleur Pellerin, disse querer desbloquear um milhão de euros para o "Charlie Hebdo". Vários jornais também ofereceram ajuda.
"É uma situação muito difícil, estamos todos com nossas aflições, nossa dor, nossos medos, mas vamos fazer de qualquer jeito, porque a estupidez não vai vencer", declarou um de seus colaboradores, Patrick Pelloux.
"Charb (diretor da publicação, morto na quarta-feira no atentado) sempre dizia que a revista tem de sair, custe o que custar", acrescentou.
Entre as 12 vítimas do ataque figuram cinco cartunistas do semanário - Charb, Wolinski, Cabu, Tignous e Honoré - e o economista Bernard Maris.
Unidade nacional
"A unidade nacional é a única resposta possível", reiterou Manuel Valls, convocando os franceses a não ter medo diante de uma "ameaça terrorista sem precedentes".

Em uma atmosfera de união em todo o país, François Hollande recebeu nesta quinta-feira no Eliseu seu antecessor e ex-rival Nicolás Sarkozy, chefe do partido opositor de direita UMP. O presidente também receberá na sexta-feira a líder da ultradireitista Frente Nacional, Marine Le Pen, e outros líderes políticos.
No próximo domingo, 11 de janeiro, os ministros do Interior europeus e dos Estados Unidos vão se reunir em Paris para coordenar a luta contra o extremismo islâmico, anunciou o ministro Cazeneuve. Nesse mesmo dia, haverá uma manifestação em protesto ao atentado.
Religiões condenam
Os líderes de diferentes religiões denunciaram a tragédia. Representantes da comunidade muçulmana da França pediram nesta quinta-feira aos imãs de todas as mesquitas do país que "condenem duramente a violência e o terrorismo" na oração de sexta-feira.

Já o papa Francisco rezou nesta quinta-feira em sua missa matinal pelas vítimas do atentado.
"O atentado de ontem em Paris nos faz pensar em toda essa crueldade, essa crueldade humana; nesse terrorismo, seja um terrorismo isolado, ou o terrorismo de Estado. A crueldade da qual o homem é capaz", declarou o sumo pontífice na missa diária que celebra na residência de Santa Marta, e que dedicou às vítimas.
'Rezemos agora pelas vítimas desta crueldade. Tantas vítimas! E rezemos também pelas pessoas cruéis, para que o Senhor converta seus corações', acrescentou.
O ataque provocou uma onda de reprovação unânime no exterior, e manifestações ocorreram na Alemanha, Espanha e Grã-Bretanha, entre outros países.
O atentado ocorreu às 11h30 (8h30 de Brasília) quando os homens, encapuzados e com uma atitude decidida que parecia indicar treinamento militar, entraram no edifício-sede da Charlie Hebdo a tiros. Na saída, seguiram disparando contra os policiais que chegaram ao local do incidente, matando um deles a sangue frio.
Segundo testemunhas citadas pela polícia e imagens gravadas por cinegrafistas amadores, os agressores gritaram "Vingamos o profeta Maomé!" e "Matamos Charlie Hebdo", antes de fugir.
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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Hollande decreta luto nacional e promete encontrar culpados por atentado

Presidente da França diz que país vai reagir com firmeza ao ataque

O presidente francês François Hollande fez um pronunciamento à nação e decretou luto nacional, após o atentado desta quarta-feira (7) à revista "Charlie Hebdo", que deixou 12 mortos e 11 feridos. "Chargistas de muito talento foram mortos. Hoje eles são nossos heróis e, por isso, amanhã será dia de luto nacional. Ao meio dia haverá um momento de recolhimento no serviço público e convido toda a população a participar. As bandeiras serão baixadas por três dias", disse Hollande.
O presidente afirmou ainda que o país deverá "responder à altura do crime que nos atinge" e pediu que a população francesa se una para enfrentar o episódio. "A nossa melhor arma é a nossa união. Nada pode nos dividir, nada deve nos separar", declarou. "A união de todos os nossos cidadãos durante essa dificuldade. Devemos nos reunir diante dessa ameaça e ter capacidade de crer em nosso destino", acrescentou.
Hollande também disse que a segurança será reforçada nos locais públicos para evitar novas ameaças.  
Entre os mortos no atentado estão o diretor de redação da revista, Stéphane Charbonnier, o Charb; Jean Cabut, o Cabu; Georges Wolinski e Bernard Verlhac, o Tignous
Entre os mortos no atentado estão o diretor de redação da revista, Stéphane Charbonnier, o Charb; Jean Cabut, o Cabu; Georges Wolinski e Bernard Verlhac, o Tignous
Mais cedo, o jornal francês Le Figaro publicou uma matéria com a repercussão no mundo político francês, depois do atentado à sede da revista Charlie Hebdo."Consternação, horror, indignação. Lideranças políticas dividem o mesmo sentimento depois do ataque terrorista nesta quarta-feira no final da manhã à sede da revista Charlie Hebdo. Pouco depois do meio-dia, o presidente da República compareceu ao local, acompanhado do ministro do Interior Bernard Cazeneuve e da ministra da Cultura Fleur Pellerin. Anne Hidalgo, prefeita de Paris, também estava presente.
O chefe de Estado François Hollande lançou um chamado à “unidade nacional". "Um ato de uma barbárie excepcional acaba de ser cometido", declarou ele. "Contra um jornal. Ou seja, contra a expressão da liberdade”, continuou o presidente da República. Hollande anunciou a implantação do plano “vigipirate attentat” contra o terrorismo e convocou uma reunião para as 14h (horário local) no palácio do Eliseu com os ministros e responsáveis envolvidos. “A França está em choque. Trata-se de um atentado terrorista”, afirmou ele, a alguns metros da sede do jornal atacado. “É preciso formar um bloco. Mostrar que nós somos um país unido. Nós sabemos reagir com firmeza e preocupação com a unidade nacional”. Se a França está ameaçada, é porque ela “é um país de liberdade", afirmou ele.
“Mais lágrimas do que palavras diante do horror provocado pelo  atentado do qual são vítimas a Charlie Hebdo, seus funcionários, os policiais e suas famílias", disse a ministra da Família Laurence Rossignol no Twitter. Marisol Touraine adotou o mesmo tom: “Faltam palavras para descrever o horror do ataque que atingiu a redação da Charlie Hebdo".
A ministra da Justiça repercutiu as propostas do presidente da República antes de publicar sua própria mensagem por volta das 16h45 (horário local) no Twitter: "Primeiro baluarte e último bastião da Democracia, a imprensa livre é a inimiga do obscurantismo e da violência”. Christiane Taubira fez em seguida uma homenagem às forças da ordem: «Aos policiais de elite que arriscam suas vidas se mantendo profissionais e dignos. A seus filhos que se tornam tão bruscamente órfãos».
Equipes de socorro retiram um ferido do local do atentado
Equipes de socorro retiram um ferido do local do atentado
O presidente do PS (Partido Socialista), Jean-Christophe Cambadélis denunciou uma «carnificina abominável e revoltante a um órgão de imprensa que foi atacado por armas de guerra”. “A República foi vítima de um ataque de covardia e gravidade extremas”, disse ele em um comunicado. Martine Aubry falou de um “ato monstruoso”. A prefeita de Lille também fez um apelo pela unidade dos franceses: “É nesses momentos que os franceses devem se unir frente á barbárie e apoiar aqueles que agem para encontrar os culpados e impedir atos desta natureza”. Presidente do grupo socialista na Assembleia, Bruno Le Roux, só vê “uma resposta diante dessa barbárie: a união dos franceses.» “Atacando a Charlie Hebdo, símbolo da liberdade de pensar e de escrever, destruindo vidas inocentes em uma verdadeira operação de guerra, os terroristas cometeram um crime contra a República e seus valores democráticos”.
A vice-presidente da UMP, Nathalie Kosciusko-Morizet, se declarou “horrorizada e indignada com tal violência”. “Eu condeno com firmeza! Todo meu apoio às vítimas e a suas famílias”, publicou ela no Twitter. François Fillon também exprimiu seu “horror” e sua “solidariedade” com a Charlie Hebdo".
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>> Primeiro-ministro do Canadá diz que atentado foi ataque bárbaro aos franceses
Tags: charlie hebdo, França, françois hollande, Paris, TERRORISMO
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